1.11.05

Quando era pequeno, imaginava que, tal como nós sonhávamos com pessoas que não existiam, alguém também poderia estar a sonhar connosco, mas com sonhos muito mais elaborados e “reais”, a nossa realidade. E tal como os nossos sonhos são versões distorcidas e incompletas do mundo onde habitamos, também nós somos uma versão distorcida e incompleta de uma realidade onde essa pessoa habita.

As pessoas que vemos, seriam criadas aleatoriamente naquele momento, em que passamos por elas e em que nunca mais as veremos. E se olhássemos atentamente para elas veríamos que não tinham definições nenhumas, nada as distinguiria das restantes pessoas que apenas estão de passagem. As que ficam... são as que ficam. Tal como achava que eu era, mas há quanto tempo estaria aqui? Podia ter começado a existir à poucas horas, sendo todas as minhas memórias, incluindo esta da ‘historia do sonho real’, criadas à medida que fosse necessitando delas.

Somos limitados por algo que nos sonha, sem responsabilidade pela vida que levamos.

E como quando acordamos, os sonhos desaparecem, também sonhava que um dia este "sonho" iria acabar.

E com isto tudo acabava também por imaginar que ao afastar-me do espelho, quem estava do outro lado desapareceria para sempre... ou então aconteceria o contrário.